sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Crítica Cinema | Placa-Mãe

(Uma boa animação para adultos e crianças)


Igor Basto nos presenteia com Placa-Mãe, uma animação nacional futurista vinda de Minas Gerais, que se destaca por ser o primeiro longa-metragem de animação produzido no interior do estado. O filme traz à tona discussões muito atuais, como inclusão e desigualdade social, de uma forma envolvente e criativa. A trama gira em torno de Nadi, uma robô androide que salva duas crianças negras de uma situação perigosa e decide adotá-las, formando uma família entre humanos e máquinas. Nadi, desenvolvida pelo cientista Theon, expandiu suas capacidades neurais e se tornou a primeira robô a ganhar cidadania no Brasil. Ela trabalha em uma feira ajudando a "adotar" robôs que foram descartados por seus donos. Após salvar os órfãos David e Lina, Nadi enfrenta o desafio de provar à sociedade que pode ser uma mãe adequada para as crianças.

Visualmente, a animação é impecável. A qualidade gráfica e as cores vibrantes são um destaque, colocando a obra em um patamar elevado quando comparada a outras animações nacionais. É um deleite para os olhos e faz a gente se orgulhar da produção brasileira.

Os personagens também representam grupos marginalizados. Nadi, como androide, e os irmãos David e Lina, que vivem em um orfanato no meio de um lixão, lutam para serem aceitos. O cenário do orfanato lembra até o lixão da Dona Lucinda em Avenida Brasil. A trama ainda toca em questões sérias como o tráfico humano, mostrando a tentativa da dona do orfanato de vender uma das crianças para um casal estrangeiro rico.

Um dos pontos altos do filme é a representação de um político e influenciador digital sensacionalista que, à primeira vista, lembra um ex-presidente brasileiro. Esse personagem, contrário à adoção de crianças por uma androide, espalha fake news e discursos de ódio, defendendo a "família tradicional". Tudo isso é embalado por uma trilha sonora que inclui Poison Ivy (versão de Erva Venenosa de Rita Lee), o que dá um toque irônico e bem-humorado à crítica social.

Apesar de o roteiro ser bem construído, senti que faltou um pouco mais de profundidade na explicação de como o Brasil – e especificamente Minas Gerais – evoluiu para essa coexistência entre humanos e máquinas. Algumas questões poderiam ter sido mais exploradas para dar mais contexto à história.


Filme pode parecer um pouco longo para o público infantil, e em alguns momentos a trama se perde, o que pode fazer com que as crianças percam o interesse. Para os adultos, algumas cenas podem parecer desconexas ou mal elaboradas, o que pode incomodar um pouco. No entanto, a trilha sonora, com composições de Milton Nascimento e Caetano Veloso, eleva o ritmo do filme e torna várias cenas mais agradáveis. Placa-Mãe traz debates importantes que conversam bem com o público adulto, ele também tem a leveza necessária para cativar as crianças. Além disso, há várias referências à cultura mineira, com cenários locais, comidas típicas e gírias regionais que dão um charme especial ao longa.


Sinopse oficial: 
Em Placa-Mãe, a robô Nadi ganha cidadania. E como cidadã, agora ela passa a ter o direito de adotar duas crianças. Porém, um mal entendido acontece durante a adoção, e o menino David foge com medo de se separar de sua irmã Lina. Enquanto o garoto lida com os perigos da cidade, Nadi tenta encontrá-lo. Direção: Igor Bastos. Estreia nos cinemas brasileiros, 03 de setembro pela O2 Play Filmes.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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