domingo, 16 de julho de 2023

Crítica Cinema | O Portal Secreto

(Uma fantasia com elementos interessantes) 


Com constantes e dinâmicas mudanças, embora de muito difícil enquadramento em um gênero cinematográfico só, O Portal Secreto, trata-se basicamente de uma aventura de ficção ou fantasia mágica. Algo assim como um “Harry Potter”, com interessantes variantes tanto de ritmo quanto de abordagens ou perspectivas. E, também, características similares às do livro “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, onde a protagonista convive com personagens muito bizarros e “a realidade” é afetada pelo insólito. Uma dica urgente, para entender mais exatamente o que estamos dizendo aqui e, em especial, para ter uma aproximação completa a O portal secreto é assistir até a última cena. Isto é, aquela que aparece após os créditos finais. O dito anteriormente não é um empecilho para desfrutar da experiência que brindam as quase duas horas de exibição. Pelo contrário, essas mudanças a enriquecem, e muito. O relato inicia-se com a procura que o jovem desempregado Paul (Patrick Gibson) faz por um emprego. Ele está numa situação bastante precária na vida e achar um trabalho pode ser uma boa saída para superá-la. Consegue marcar uma entrevista, porém um monte de fatos estranhos o vão afastando do local onde está a longa fila de candidatos-concorrentes. São situações praticamente ridículas, simultaneamente quase cômicas e até grotescas.

O Portal Secreto (The Portable Door)


De todos modos, uma nova porta, em lugar bastante marginal, parece estar diante de Paul para, talvez, uma outra opção. A banca-diretoria da nova empresa contratante está constituída por indivíduos bastante exóticos (como pensam, agem e reagem, se vestem e penteiam). Tudo é muito inusual: a entrevista, as perguntas e até o teste do qual deve participar. Mais ainda: a empresa tem histórico e objetivos bastante desnorteantes, que aos poucos vão-se apresentando - já que não desvendando totalmente. Esses objetivos, sáo, segundo dizem eles mesmos: “Vencer a vontade das pessoas”, “Sequestrar seus instintos”, “Controlar os próprios sentimentos", “Influenciar”, o que não é ‘coincidenciar’ e para isso tem até um cargo de “coincidenciador” (SIC). Desejos, instintos, necessidades são o alvo dessa misteriosa organização que, quase obviamente, é muito antiga. O protagonista começa a se encontrar com outra candidata, Sophie Pettingel (Sophie Wilde), e ambos caminham pelo sinuoso trilho que os vincula a J W Wells Company, de Humphrey Wells (Christopher Waltz), que - insolitamente - “está em guerra com ela mesma”. Porém, as circunstâncias criam um fato que parece ir além do anterior e do imaginado: a descoberta de um portal que permite deslocar-se a qualquer parte física que se deseje - obviamente o portal que dá origem ao título do filme, ainda que com uma diferença de tradução do inglês “The Portable Door”.


Na trama as situações vão se sucedendo do absurdo inicial a renovadas excentricidades, incluindo gradualmente elementos de certo grau desagradável e terrífico até certa ironia e comicidade. Muitos aspectos e personagens se sucedem, incluindo mágicos, hipnotizadores e bruxos ou duendes…Esoterismo, bruxaria, etc. Tudo isso conduzido de boa maneira por Jeffrey Walker, diretor australiano em seu terceiro longa-metragem, que soube aproveitar os experimentados profissionais Donald McAlpine (fotografia - já trabalhou com o famoso diretor Baz Luhrmann -) e Geoff Lamb, responsável da edição (também com dezenas de antecedentes em longas-metragens). O elenco oferece boas atuações em geral, com personagens sempre insólitos e difíceis de serem interpretados. Seja dito, por último, exatamente sobre as cenas finais: se sucedem romance, humor e até uma surpresa que dá uma nova perspectiva a todo o filme. Como já dito, essa última característica aparece após os créditos finais. Como em tantos outros casos, é importante assistir o filme até o fim. O Portal Secreto é interessante realização que traz muitos elementos, em relato que vai levando o espectador por diversas situações, criando impressões, sensações e pensamentos, e chega a um final com renovadas surpresas.


Sinopse 
Para onde você iria se pudesse viajar para qualquer lugar do mundo? Paul (Patrick Gibson) e Sophie (Sophie Wilde) são contratados como estagiários em uma empresa misteriosa de Londres, mas logo percebem que aquele não é um ambiente convencional. Enquanto se acostumam com o jeito peculiar dos companheiros de trabalho, Paul recebe a missão de encontrar O Portal Secreto, um objeto capaz de transportar as pessoas para qualquer lugar do mundo num piscar de olhos, e agora precisa impedir que ele caia nas mãos erradas. Com direção de Jeffrey Walker, o longa tem estreia nos cinemas brasileiros em 13 de julho pela Imagem Filmes.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação. Biografias usadas são do IMDB.
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