domingo, 11 de setembro de 2022

Filme sem encanto... crítica do live-action de Pinóquio da Disney

(Não há cordões e emoções em mim...)


Adaptação em live-action de Pinóquio (dublagem original de Benjamin Evan Ainsworth) um dos mais antigos clássicos das animações para os cinemas. Ele é um boneco de madeira criado pelo Geppetto (Tom Hanks) um homem triste que perdeu o filho, mas uma noite desejou de todo o coração tê-lo de volta, e isso acontece, mas na forma da marionete Pinóquio... agora o menino de madeira vai se aventurar pelo mundo com sua ingenuidade e coragem tendo que passar por grandes desafios e perigos, mas sempre com o auxilio da sua “consciência” o Grilo Falante (voz original de Joseph Gordon-Levitt). Elenco ainda conta com Angus Wright, Cynthia Erivo, Sheila Atim, Lorraine Bracco, Keegan-Michael Key, Jamie Demetriou, Giuseppe Battiston, Kyanne Lamaya, Jaquita Ta'le, Lewin Lloyd, Luke Evans, entre outros. Direção de Robert Zemeckis. Produção da Walt Disney Pictures. Estreia no serviço de streaming Disney Plus em 08 de setembro de 2022. Para trailer, clique aqui.

Pinóquio (Pinocchio)


Adaptar animações dos quais os protagonista não são humanos, nunca foi uma tarefa fácil. Não atoa, Dumbo e O Rei Leão (uma animação mais realista) foram mal de crítica... apesar de que a história do Simba “real” fez muito dinheiro para a Disney, até por isso, foi confirmado um longa em 2024 nesses moldes com o Mufasa, o pai do simba que participa de uma das cenas mais triste da história dos cinemas que foi sua morte dentro do plano maléfico do Scar. Em comparação as adaptações de personagens humanos (ou quase) a coisa fica diferente, pois Aladdin fez muito sucesso, passou do sonhado 1 bi de dólares, além disso, Cinderela e A Bela e a Fera não foram considerados ruins. Então a missão de pegar uma das primeiras animações da história Disney e transformar uma criança de madeira de forma que fosse realista não era fácil, e isso se confirmou, infelizmente, porque apesar de não mudar os locais e desafios dos três atos contados na história original (alterou o finalzinho), tudo é conduzido de forma mal elaborada, deixando sem alma toda a narrativa. Além disso, houve inclusões de personagens e micro tramas que foram inúteis e sem nenhum desenvolvimento ou finalização. Vide a pouca participação do João Honesto que é essencial para bagunçar as decisões do Pinóquio durante a trama original, isso complica toda a situação para o segundo ato (ilha dos prazeres) e o ato final (a baleia), aqui houve pequenas mudanças que não fazem o menor sentido, pois não é uma adaptação para os novos tempos... apenas mudança de direção para sair e voltar ao mesmo lugar, onde poderia ter chegado mais rápido, como foi na animação.


Impressionante que a animação tem uma hora e meia de duração, e o live-action com vinte minutos a mais, mesmo assim, conseguiu ser mais incompleta que o clássico, pois aqui parece focar em coisas que não são importantes para a história do Pinóquio dentro dos três atos que são conhecidos da obra (teatro de marionetes, ilha dos prazeres e a baleia). Para não ser tão ruim, ele consegue bons momentos iniciais e quando tem um questionamento e ingenuidade do protagonista, nas vezes que o roteiro se lembra de tocar nisso, vai bem. Os efeitos tem que se destacar no sentido que o Pinóquio não está bem feito, entende-se que é um longa para streaming, não é o mesmo orçamento,  mas se você se propões a fazer algo que leva o rótulo Disney, então precisa ser mais caprichoso, você não tem empatia total pelo boneco que é feito em 3D com feições da boca, olhos e sobrancelhas em 2D. E quando tem interação com Tom Hanks então... fica muito artificial, de resto, na fotografia, ambientação e a cena da baleia/monstro está bem feito, mas onde precisava mesmo (protagonista), peca. As músicas não inventaram, os grandes clássicos estão na obra atual. Toda a construção narrativa em essência é igual ao original (desafios dos três atos), então como o original é bom, não se pode dizer ao contrário do live-action, exceção ao final, onde muda tudo no maior estilo Star Wars: Os Últimos Jedi, quando lá quiseram transformar algo mágico e importante que seria os Jedi em qualquer coisa sem importância, tirando o coração da franquia. Aqui na conclusão do longa tentou passar a mensagem semelhante, tirando a alma e encanto de uma obra fábula, querendo rebaixar seu próprio produto para passar uma mensagem que pode ser equivocada ou militante? aposto nas duas, porque hoje, vindo da Disney, não tem como não desconfiar.


Sobre os personagens... Geppetto do Tom Hanks caricato demais, ele não consegue passar carisma e empatia, pois parece tudo muito falso, exagerou na personificação de um personagem importante como é o pai do Pinóquio. A fada azul (Cynthia Erivo) e toda a polêmica da mudança de etnia, para falar a verdade, ela vem e dá vida ao boneco, elege o grilo falante como consciência... e a única diferença do original é que ela canta após isso, não o grilo... então, não faria diferença ser um ator branco, pardo, asiático, verde, vermelho, avatar... aqui não tem nada demais (existe uma lacradinha dela com o grilo em relação ao original, mas não muda nada a história, sem importância, então não te tira da obra), a única coisa estranha é que ela não aparece mais, ao contrário com a da animação, isso foi estranho, talvez o hater sofrido pela personagem quando apareceu no trailer tenha contado para essa decisão, e o fato dela não voltar mais... faz a diferença para a narrativa e leva ao final diferente e infinitamente pior que o original, então uma decisão no mínimo, burra, para não dizer outra coisa. O Stromboli (Giuseppe Battiston) foi bem parecido com o original, conseguiu ir bem, aliás, é a única parte legal do filme. João Honesto (voz do Keegan-Michael Key) aparece para o primeiro ato, e some. O Grilo Falante (voz de Joseph Gordon-Levitt) tem a função quase igual da animação, mas aqui ele fica boa parte do tempo correndo atrás do Pinóquio, e seu visual e traços são tão sem graças como no original. Sabina (Jaquita Ta´le) é um personagem novo e totalmente sem função e desenvolvimento na história. O cocheiro (Luke Evans) em ambas as versões é bem nebuloso sua participação, a opção de não explorar mais um adulto que leva crianças para um parque na madrugada e some com elas em um conto infantil é a mais correta, mas não deveriam ter criado um ato assim todo esburaco, inventassem outro para as aventuras do menino de madeira. E por fim, o Pinóquio (voz de Benjamin Evan Ainsworth)... não passou a emoção necessária, até por ter um visual nem tão bem ambientado com os efeitos em volta, ele segurando coisas e em contato com o Geppetto, além do próprio gatinho Fígaro é bem artificial. Pinóquio em live-action conseguiu a proeza de ter mais tempo de duração do que o clássico dos anos quarenta e ser mais incompleto que o original, isso transformou o filme em algo bem sem graça com relação a sua versão animada... e ainda entregou um final lamentável. Aqui foi mais uma produção que falha em conseguir sucesso em adaptar para a “vida real” uma versão com personagens não humanos das clássicas animações da Disney.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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