quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Crítica Cinema | Sempre em Frente

(Laços de Família)


Em Sempre em Frente, Johnny (Joaquin Phoenix) e o seu jovem sobrinho Jesse (Woody Norman) estabelecem uma relação tardia, mas transformadora, quando, inesperadamente, passam a conviver um com o outro. Uma história sobre as conexões entre adultos e crianças, o passado e o futuro. Elenco ainda conta com Gaby Hoffmann, Scoot McNairy, Molly Webster, Jaboukie Young-Whitea, entre outros. Direção de Mike Mills. Distribuição nacional da Diamond Films do Brasil. Estreia nos cinemas brasileiros em 10 de fevereiro de 2022. Para o trailer, clique aqui.

Sempre em Frente (C’mon C’mon)


O filme é algo bem simples, o relacionamento familiar, o dia-a-dia em diálogos reflexivos e cotidianos, a típica produção lenta, baseada em falas precisas, o com o diferencial que tem alguém em seu elenco bem experiente e que já foi indicado e venceu o Oscar... Joaquin Phoenix. Ele é um excelente ator, aqui ele protagoniza ao lado de uma criança novata na função. Não espere algo intenso, com um grande plot, final impactante ou pelo menos decisivo. Tudo roda em baixa temperatura, onde você precisa apenas se conectar com a relação tio e sobrinho que o roteiro mais foca. A história em si é apenas isso, como Johnny (Phoenix) lida com o imperativo sobrinho Jesse, um menino daqueles questionadores, que parece ter a idade maior do que já tem... apesar de umas birras e manias que vão sendo explicadas e justificadas durante a trama. Nesse relacionamento, Johnny, apesar de já ter um carinho pela criança, agora precisa passar mais tempo com ele, já que sua irmã está em viagem tentando resolver um problema delicado do marido, essa parte dela é a menos interessante, mas necessária para que as coisas se conectem, assim como os flashbacks dos irmãos lidando com a mãe doente terminal, já que um complementa o outro e acaba refletindo de certo modo nos acontecimentos atuais dos protagonistas, mesmo de forma dosada. Não temos um grande crescimento narrativo, não parece ter muito peso, pois é a interação de uma vida real. Começa como um dia qualquer, termina como um dia qualquer, cabendo você aproveitar aquela jornada afetiva, sem esperar grandes momentos.


Alguns assuntos abordados são pontuais e fazem parte de toda ambientação e fotografia. Foi todo rodado em preto em branco, para dar uma atmosfera mais melancólica ou fixa, já que em produções assim, você não tem muito o envolto... prestando mais atenção nos atores em cena, como é muito baseado em diálogos, fica uma decisão acertada, pois você precisa focar nas interações, senão dispersa da história. É um filme atual, onde a tecnologia está presente, inclusive nas crianças, não são poucas as vezes que o garoto Jesse está usando aparelhos eletrônicos e o roteiro dá um bom enfoque nesse quesito em várias partes. Fora isso, pelo protagonista ser um jornalista, ele e sua equipe estão em um projeto entrevistando crianças sobre o que eles pensam dos adultos e do futuro, isso deixa interessante, pois tem muitos depoimentos delas durante todo o longa, inclusive nos créditos finais também, fica a dica, caso você queira ficar até o final da exibição. É bem dirigido, os cuidados em mostrar a importância de cada conversa e em cada cenário são bem conduzidos. Sobre o elenco... Joaquin Phoenix está bem, o personagem não exige muito de alguém que já fez filmes como Coringa, Ela e Vicio Inerente, o seu Johnny está ali no momento tio compreensível, até seus momentos de explosão são moderados, isso mostra as várias vertentes do ator. Só esperava uma crescente com seu sobrinho, mas ele já começa tudo bem carinhoso, só recuando um pouco e voltando atrás em seguida nas birras da criança. O menino interpretado Woody Norman se posiciona bem em tela e consegue seu espaço nos inúmeros questionamentos, papos e chiliques que seu Jesse comete, está bem a vontade, só o olhar que ainda parece meio robótico, excesso de ensaio, mas ele é novo, tem muito tempo para aprimorar isso, caso vingue na carreira. Gaby Hoffmann faz a irmã do protagonista, sua jornada é morna, em compensação suas interações por telefone (principalmente) com seu irmão são bons e necessários para uma melhor proporção da proposta do roteiro. Sempre em Frente é reflexivo, calmo e detalhista em diálogos onde mostra famílias sendo famílias e que problemas acontecem, sendo necessária a união e conversa para que possam pavimentar o relacionamento de forma real, sem grandes acontecimentos. Não é um filme de fácil recepção para quem quer algo mais intenso, mas entrega bem sua proposta.

Imagens fornecidas pelas assessorias ou retiradas da internet para divulgação/Biografias usadas são da IMDB.
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